Na última sexta-feira (6), a Neo Química Arena, em São Paulo, foi palco de um evento que entrou para a história do esporte no Brasil: a primeira partida oficial da NFL no país. O Philadelphia Eagles e o Green Bay Packers protagonizaram um jogo eletrizante que terminou com a vitória dos Eagles por 34 a 29. Mas o impacto dessa noite vai além do placar: foi a prova de que o futebol americano encontrou um lar em terras brasileiras.

A partida começou com a típica intensidade da NFL. O Green Bay Packers dominou os primeiros momentos, aproveitando o ritmo hesitante dos Eagles para abrir vantagem. Liderados pelo quarterback Jalen Hurts, o Philadelphia encontrou dificuldade em estabelecer seu jogo no início, mas mostrou resiliência e competência para virar a partida no terceiro quarto. O ponto de virada veio com a atuação inspirada do running back Saquon Barkley, que fez história ao marcar o primeiro touchdown da NFL no Brasil, colocando os Eagles na frente e abrindo o caminho para a vitória.

Barkley destacou-se pela explosão nas corridas e pela capacidade de quebrar tackles, um diferencial que manteve a defesa dos Packers em constante alerta. Suas 117 jardas totais, somadas ao touchdown histórico, foram determinantes para que os Eagles saíssem de campo vitoriosos. A defesa do Philadelphia também merece destaque, especialmente pela capacidade de ajustar-se durante a partida, pressionando o quarterback adversário e forçando erros nos momentos decisivos.

O jogo trouxe para São Paulo uma atmosfera que os fãs de futebol americano só conheciam pelas telas. Com um público de 47.236 pessoas, o estádio estava lotado de torcedores de todas as partes do Brasil, e não só dos times em campo. Camisetas de várias equipes da NFL, como Kansas City Chiefs, New England Patriots e San Francisco 49ers, mostravam que a liga tem um apelo que ultrapassa fronteiras e fideliza fãs em todo o mundo.

A chegada da NFL ao Brasil faz parte de um plano estratégico da liga para expandir sua marca globalmente. Desde 2007, quando começaram os jogos em Londres, a NFL tem buscado mercados internacionais, e o Brasil, com mais de 35 milhões de fãs, se mostrou um terreno fértil. Hoje, o país é o segundo maior mercado fora dos Estados Unidos, atrás apenas do México. Esse jogo em São Paulo representa um investimento que pode render frutos em um futuro próximo, com a possibilidade de novas partidas oficiais no país.

Dentro do campo, o nível de competitividade foi elevado. A defesa dos Packers, que vinha em alta nos jogos anteriores, teve dificuldades para conter as investidas dos Eagles, especialmente no segundo tempo. O linebacker Rashan Gary foi um dos poucos destaques defensivos de Green Bay, conseguindo dois sacks importantes, mas que não foram suficientes para frear o ataque dos Eagles. Jalen Hurts, apesar de um começo irregular, mostrou a calma que se espera de um quarterback de elite, ajustando as jogadas conforme a defesa adversária mostrava brechas.

O evento também teve uma série de ativações e experiências que trouxeram um pouco da cultura dos jogos nos Estados Unidos para o público brasileiro. Desde o “Quarterback Challenge”, que permitiu aos torcedores testarem suas habilidades de passe, até as áreas VIPs decoradas com elementos típicos do esporte, como cheerleaders e mascotes, tudo remetia à atmosfera dos grandes jogos da NFL.

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O show de intervalo, que contou com Anitta, trouxe a energia de um Super Bowl, ainda que em menor escala. A cantora fez uma apresentação vibrante, focada no público internacional, com hits que já são conhecidos lá fora. A presença dela no evento reforçou a conexão entre o esporte e o entretenimento, que é uma marca registrada dos jogos da NFL. Se nos Estados Unidos o show de intervalo é um evento à parte, aqui não foi diferente: o público vibrou com a performance, que teve coreografias elaboradas e um show de luzes digno dos grandes palcos.

O gramado, no entanto, não passou ileso às críticas. LeBron James, que acompanhava a partida de longe, usou suas redes sociais para questionar a qualidade do campo da Neo Química Arena, chamando a atenção para um dos pontos que precisam ser aprimorados se o Brasil quiser receber mais jogos da liga. A crítica, ainda que vinda de um atleta de outro esporte, ressalta a necessidade de adequações para garantir que o espetáculo aconteça sem interferências estruturais.

No lado econômico, o impacto da partida foi significativo. Com um retorno estimado de 337 milhões de reais, o jogo movimentou setores como turismo, hotelaria e serviços, mostrando que eventos desse porte trazem benefícios que vão além do entretenimento esportivo. Para São Paulo, que já se consolidou como uma cidade que abraça grandes eventos internacionais, sediar a NFL é mais um passo na direção de se firmar como um polo esportivo de relevância global.

O sucesso da partida em São Paulo deixa uma mensagem clara para a NFL: o Brasil está pronto para o futebol americano. Os fãs responderam com paixão, os jogadores se sentiram em casa, e a liga viu o potencial de um mercado que não para de crescer. Com o engajamento dos brasileiros e a possibilidade de novas oportunidades, esse jogo pode ter sido apenas o primeiro de muitos a desembarcarem por aqui. Para a NFL e para o Brasil, o apito final não marca o fim, mas sim o começo de uma nova era para o esporte no país.

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